Teologia Sistemática

 A teologia sistemática é uma disciplina da teologia que se concentra em organizar e sistematizar crenças e doutrinas religiosas dentro de uma tradição religiosa particular. Este ramo da teologia procura compreender e explicar a fé e as crenças religiosas de forma lógica e coerente. É frequentemente usado para desenvolver uma compreensão mais profunda da fé e fornecer uma base para o ensino religioso.

Aqui estão alguns aspectos-chave da Teologia Sistemática:

1.Organização: A teologia sistemática organiza as crenças religiosas em categorias e temas específicos, como a Trindade, a criação, a salvação, a igreja e a escatologia. Cada um desses tópicos é analisado e relacionado a outros para formar um sistema de crenças coerente.

2.Fontes: As fontes da Teologia Sistemática podem variar de acordo com a tradição religiosa. No cristianismo, por exemplo, as fontes incluem a Bíblia, os ensinamentos de líderes religiosos, concílios ecumênicos e as obras de teólogos proeminentes.

3.Métodos: Teólogos sistemáticos usam métodos hermenêuticos e exegéticos para interpretar as Escrituras e extrair as crenças fundamentais de uma religião. Eles também podem recorrer à filosofia, à história e a outros campos para aprofundar sua compreensão da fé.

4.Desenvolvimento Doutrinário: Ao longo da história, a Teologia Sistemática passou por desenvolvimentos doutrinários em resposta a questões teológicas e desafios contemporâneos. Isso levou à formulação de confissões de fé e declarações doutrinárias específicas em muitas tradições religiosas.

5.Aplicação: A teologia sistemática tem aplicações práticas no ensino religioso, pregação, formulação de políticas eclesiásticas e compreensão de questões éticas e morais de uma perspectiva religiosa.

É importante ressaltar que a Teologia Sistemática pode variar significativamente entre diferentes tradições e denominações religiosas. Por exemplo, a Teologia Sistemática Cristã pode ser diferente nas igrejas católica, protestante e ortodoxa, e cada uma pode enfatizar diferentes aspectos doutrinários.

Em resumo, a Teologia Sistemática é uma disciplina que busca sistematizar e organizar as crenças religiosas em uma tradição religiosa específica para fornecer uma compreensão coerente e profunda da fé.

 O que é Teologia Sistemática?

1. Teologia é literalmente o estudo de Deus

No contexto da religião cristã, não é o estudo de Deus como algo abstrato mas é o estudo do Deus pessoal revelado na Bíblia. Necessariamente isso inclui tudo o que é revelado sobre Ele e as suas obras e relações com as criaturas. O estudo da teologia é diferente do estudo da religião. O estudo da religião inclui todas as religiões mundiais e seitas, e usa várias metodologias; sociologia, antropologia, historia, psicologia, etc. A teologia é mais especializada, sendo o estudo das doutrinas ou as coisas que os adeptos de uma determinada religião crêem.

1.1. Existem vários tipos de teologia, cada com a sua própria metodologia. 

A Teologia Sistemática depende das pesquisas e dos resultados das outras áreas e sua metodologia requer a capacidade de aproveitá-los. Portanto, antes de definir a Teologia Sistemática precisamos olhar as demais áreas da teologia. Estas áreas podem ser definidas em três contextos:

a) O contexto histórico: Teologia Histórica - estudo das doutrinas através dos séculos. Este é um lugar importante para começar porque em dois mil anos quase todas as possibilidades têm sido examinadas. Pelo estudo da formulação das doutrinas e os teólogos importantes podemos aprender quais são as perguntas importantes a serem abordadas.

b) O contexto bíblico: Teologia Bíblica - A Bíblia é a fonte maior da Teologia Sistemática e é sempre a autoridade final. A Bíblia deve ser estudada para verificarmos qual é a posição verdadeira entre as escolhas que existem. A Bíblia vai ter a resposta certa. As ferramentas de hermenêutica, as línguas originais, etc. devem ser usados para chegarmos às conclusões certas. O teólogo sistemático depende do fruto do trabalho dos especialistas do Antigo e do Novo Testamento.

c) O contexto atual: 

a) Teologia Filosófica - Nesta área não estamos interessados em construir uma teologia filosófica no sentido dos liberais. Eles tratam a Teologia Sistemática como se fosse somente mais um sistema de metafísica a ser discutido. Para eles, a Teologia Sistemática é uma filosofia do mesmo modo que o existencialismo, o humanismo, etc.

Nosso interesse em teologia filosófica é nas perguntas que a filosofia contemporânea levanta. Queremos responder a essas perguntas, mas sempre com um alvo prático. 

b) Sociologia, psicologia, antropologia - Estas são ferramentas para ajudar na exegese da sociedade e na identificação das necessidades das pessoas. Queremos formular nossa teologia numa linguagem pertinente aos problemas e às necessidades atuais. O pastor tem que ser consciente da cultura ao seu redor para não ficar respondendo perguntas que ninguém está fazendo e pregando uma mensagem irrelevante.

c) Teologia prática - Teologia prática é a aplicação dos resultados da Teologia Sistemática à vida atual. Inclui homilética, aconselhamento pastoral, educação religiosa, e outras disciplinas.

1.2. Existe uma relação lógica entre os três contextos na metodologia da Teologia Sistemática como é tradicionalmente apresentada. A teologia é vista como um edifício construído assim: Teologia Prática - Teologia Sistemática -Teologia Histórica -Teologia Bíblica.

Embora esta seja uma boa maneira de expressar logicamente os resultados do estudo da Teologia Sistemática, entretanto, a Teologia Sistemática é feito num processo de interação constante entre estes três contextos, e não isoladamente:

2. Definição: À luz deste processo, podemos agora definir a Teologia Sistemática. A definição de John Hammett é excelente porque ela expressa os elementos da tarefa da Teologia Sistemática muito bem: “Teologia sistemática é aquela disciplina que tenta dar uma exposição coerente das doutrinas da fé cristã, baseada principalmente nas Escrituras, falando às perguntas e questões da cultura e época em que ela existe, com aplicação à vida pessoal do teólogo e outros.”

Há alguns aspectos importantes nesta definição:

2.1. A Teologia Sistemática deve dar uma exposição coerente: A tarefa da Teologia Sistemática é fazer um sistema. A Teologia Sistemática trata das doutrinas da Bíblia através do exame do que a Bíblia inteira diz sobre aquela doutrina e a comunicação de suas conclusões. Também, a Teologia Sistemática mostra como as doutrinas da Bíblia se relacionam logicamente. Então, a partir de dados da Bíblia uma cosmovisão é construída. Esta cosmovisão abrange todas as áreas da vida que são tocadas pela própria Bíblia. Neste sentido, Teologia Sistemática é uma teologia compreensiva.

2.2. Baseada nas Escrituras: A Teologia Sistemática tenta ser compreensiva mas não vai além do que está dito na Bíblia. A Teologia Sistemática tenta evitar a especulação, a não ser que o teólogo admita que ele está fazendo especulação. O teólogo precisa evitar a tentação de dar às suas próprias especulações a autoridade da Bíblia.

2.3. A Teologia Sistemática sempre tem um alvo prático: É preciso tratar com questões abstratas e complicadas, mas o teólogo deve sempre mostrar a diferença que as suas conclusões fazem na vida cotidiana. Uma vez alguém perguntou a Francis Schaefer o que ele faria se, de repente, surgisse evidência conclusiva que a fé cristã é falsa. Ele respondeu que ele ainda seria teólogo, porque é o melhor jogo que há. Muitas pessoas tratam a teologia como esta fosse um jogo, mas essa atitude é uma perversão do propósito de teologia. Teologia não é jogo. Ela existe para que possamos melhor conhecer, obedecer, e amor a Deus. Aquele que acha que pode ser um teólogo teórico, fazendo um “teologia pura” se engana. Quem não faz a teologia com as necessidades do povo nos bancos da igreja em mente não é teólogo de verdade. É um fato que quase todos os teólogos de maior influência através dos séculos eram pastores também.

1 – Introdução ao estudo da Teologia Cristã

Rei e Senhor, Deus, que tiveste misericórdia de mim, Rei todo-poderoso e compassivo, todos os teus eleitos precisam de ti, assim como os ramos precisam da videira, como o olho precisa da luz. Sem a videira, os galhos murcham e, quando falta a luz, tudo escurece. Assim te invoco em humildade, ó todo-poderoso, gracioso, glorioso triúno Deus.

Dá-me, Senhor, um coração vigilante que não se deixe desviar de ti por nenhum pensamento leviano, um coração reto que não aceite ser seduzido por instintos perversos, um coração livre que não se deixe dominar por nenhum poder maligno. Dá-me, Senhor, sensatez para te conhecer, sabedoria para te achar. Faze com que minha vida inteira seja do teu agrado. (Tomás de Aquino, 1225-1274)

A doutrina e a cosmovisão cristã

1. Contexto atual

O mundo de hoje é controlado pelo irracionalismo e pelo anti-intelectualismo. Sem um padrão absoluto de conhecimento, o homem aceita o relativismo como se fosse a única coisa razoável. Portanto, ouve-se muito a idéia de que é arrogante dizer que só existe uma religião verdadeira e só um caminho certo para conhecer a Deus. Também, há um relativismo prático, o que é expresso através de hedonismo. Segundo o homem moderno, não há uma lei absoluta e nem um Deus que seja legislador. O pluralismo é o sumo bem.

Portanto, no comportamento do indivíduo hoje, vale tudo. Dentro deste mundo de pluralismo, existem muitas cosmovisões que são usadas para dar sentido ao mundo. Mesmo que ele esteja cativo de uma filosofia irracional, o ser humano, por natureza, sempre está buscando um jeito para explicar, entender e dar ordem ao seu mundo da experiência. Todo mundo tem uma filosofia de vida, uma cosmovisão. Ela pode ser o espiritismo, o Catolicismo, o humanismo ou uma filosofia eclética que seja uma mistura de várias coisas contraditórias. Essa filosofia poderia ser chamada de “uma cosmovisão de self-service” porque cada pessoa entra na fila e pega aquilo que acha que lhe serve por hoje. Amanhã pode ser algo diferente.

Há algumas pessoas que pensam mais profundamente e tentam construir uma cosmovisão coerente e que dê respostas às perguntas e problemas da vida. Elas percebem que a filosofia “self-service” não basta, mas mesmo assim, até os filósofos profissionais estão ainda chegando à conclusão de que realmente não existe uma posição racional.

Neste contexto, o crente enfrenta o desafio de alcançar o mundo para Cristo. E o evangelho é mais do que um tipo de segurança contra incêndio. É uma vida para ser vivida, e apresenta um Senhor para ser servido. O evangelho exige que as cosmovisões dos descrentes sejam derrotadas e que a cosmovisão da Bíblia seja construída em seu lugar.

Cada centímetro da criação pertence a Cristo e isso inclui todos os pensamentos doshomens. Jesus não aceita nada menos do que submissão total. A Teologia Sistemática é uma parte essencial da tarefa de construir uma cosmovisão cristã. A cosmovisão cristã contém mais do que é normalmente considerado na disciplina de (Alan Myatt & Franklin Ferreira Teologia Sistemática)

Teologia Sistemática mas, sem uma Teologia Sistemática, não é possível ter uma cosmovisão cristã. A Teologia Sistemática nos ajuda a responder às perguntas de nossa época, às filosofias do mundo, e aos problemas que o ser humano tem sempre enfrentado, de maneira plena, racional e adequada para se viver uma vida autêntica. Vamos começar nosso estudo da Teologia Sistemática, portanto, com uma definição e um esboço do conceito de cosmovisão.

2. O que significa “cosmovisão”?

É uma maneira de ver o mundo! Ela é a interpretação que fazemos da realidade derradeira. É o sistema de pressupostos que usamos para organizar e interpretar nossa experiência da vida. É literalmente nossa visão do cosmos.

Segundo James Sire (The Universe Next Door, IVP) “uma cosmovisão é um conjunto de pressuposições (pressupostos que podem ser verdadeiros, verdadeiros em parte, ou totalmente falsos) que nós abraçamos (conscientemente ou não, consistentemente ou não) acerca da composição básica do nosso mundo.”

3. Estrutura de uma Cosmovisão -   A  Razão - os Fatos - Cosmovisão -  O Mar da Experiência.

 1. Pressupostos axiomas

 2. Lógico ou Raciocinio

 3. Dados

 4. Conclusões

4. Quatro provas da verdade surgem da estrutura da cosmovisão

4.1. Suficiência dos pressupostos: Qual é o ponto de referência final? Os pressupostos básicos são suficientes para a interpretação do universo? Prova da verdade - A cosmovisão que deixa perguntas maiores sem respostas não pode ser verdadeira.

4.2. Consistência interna: A lei de não-contradição é fundamental. A é igual a A. A não é igual a não A. 

Prova da verdade - Aquilo que é uma contradição lógica não pode ser verdadeira. Uma contradição lógica é a afirmação e a negação de uma declaração (uma proposição) no mesmo sentido e no mesmo tempo.

Por essa desenha foi sugerida ao descrever o papel dos pressupostos digo “É como toda pirâmide, que fica por baixo de seu próprio ápice”.

4.3. Ajusta-se aos fatos?: Consistência com experiência externa. Prova da verdade - Aquilo que não concorda com os fatos interpretados corretamente não pode ser verdadeiro.

4.4. Viabilidade existencial: Quais são as consequências práticas? É possível viver sem hipocrisia e construir uma civilização nessa cosmovisão? 

Prova da verdade - Uma filosofia que não pode ser vivida autenticamente, não pode ser verdadeira.

5. Elementos de uma cosmovisão

5.1. Uma cosmovisão tem quatro partes:

5.1.1. Teoria do conhecimento: epistemologia. Como nós conhecemos o que é verdadeiro? 

Razão e lógica (racionalismo), ciência e experiência dos sentidos (empirismo), intuição (misticismo), não há conhecimento (ceticismo)? Revelação?

5.1.2. Teoria da existência: ontologia. Qual é a natureza do universo? 

É espiritual (panteísmo), material (materialismo), ou os dois? Como explicar a unidade e a diversidade do universo? Qual é a natureza de Deus e do homem?

5.1.3. Teoria da valor: O que é que eu devo valorizar? O que é o sumo bem? Isso inclui a teoria de ação; a ética, e a teoria de beleza; a estética. Como as pessoas devem se comportar? Como distinguir entre o bem e o mal?

5.1.4. Teoria do fim ou alvo: teleologia. Qual é o fim da vida e da criação? Por que nós estamos aqui neste universo? O que é a Historia? A historia é cíclica ou vai numa linha em direção a um fim?

5.2. Fica bem claro que quando respondemos a essas perguntas teremos proposições. Uma cosmovisão consiste em várias idéias, proposições (ou seja, doutrinas), que declaram os conceitos chaves do sistema. Para elaborar uma cosmovisão, é preciso falar em doutrina.

6. Funções da Cosmovisão2

Juntos, os pressupostos implícitos em uma cultura oferecem às pessoas uma maneira mais ou menos coerente de olhar o mundo. A cosmovisão tem várias funções importantes.

6.1. Primeiro, nossa cosmovisão nos dá fundamentos cognitivos sobre os quais construir nossos sistemas de explicação, fornecendo justificativa racional para crença nesses sistemas. Em outras palavras, se aceitarmos nossas hipóteses de cosmovisão, nossas crenças e explicações fazem sentido. Nós tomamos os pressupostos como certos e raramente os examinamos. Uma cosmovisão nos oferece um modelo ou mapa da realidade estruturando nossas percepções da realidade.

6.2. Segundo, nossa cosmovisão nos dá segurança emocional. Diante de um mundo

perigoso, cheio de forças adversas e incontroláveis crises de seca, doença e morte, e assoladas pelas ansiedades de um futuro incerto, as pessoas se voltam para suas crenças culturais mais profundas em busca de conforto emocional e segurança. Portanto, não é surpresa que os pressupostos da cosmovisão fiquem mais evidentes em nascimentos, iniciações, casamentos, funerais, celebrações de colheita e outros rituais que as pessoas utilizam para reconhecer e renovar a ordem na vida e na natureza.

Uma emoção forte que enfrentamos é o medo da morte. Outra, é o terror da falta de sentido. Podemos enfrentar a morte como se fossemos mártires se acreditarmos que há um objetivo para isto, mas estes significados devem trazer profunda convicção. Nossa cosmovisão fortalece nossas crenças fundamentais com reforço emocional para que elas não sejam facilmente destruídas.

6.3. Terceiro, nossa visão de mundo legitima nossas normas culturais mais profundas utilizadas para avaliar nossas experiências e escolher modos de agir. Ela nos oferece as idéias de justiça e de pecado e como lidar com ele. Também funciona como um mapa para dirigir nosso comportamento. Por exemplo, o mapa de uma cidade não só nos diz o nome das ruas, mas também nos permite escolher o caminho que nos leva de nosso quarto de hotel até um restaurante recomendado. Semelhantemente, nossa cosmovisão nos dá um mapa da realidade e também serve como um mapa para dirigir nossas vidas. As cosmovisões servem tanto como funções preditivas como prescritivas.

6.4. Quarto, nossa cosmovisão integra nossa cultura. Ela organiza nossas idéias, nossos sentimentos e valores em único planejamento geral. Assim, nos dá uma visão mais ou menos unificada da realidade, reforçada por emoções e convicções profundas.

6.5. Finalmente, nossa cosmovisão monitora a mudança da cultura. Somos constantemente confrontados com novas ideias, comportamentos e produtos que vêm de dentro de nossa sociedade ou de fora dela. Estes podem introduzir pressuposições que corroem nossa ordem cognitiva. Nossa cosmovisão nos ajuda a selecionar aquelas que se ajustam à nossa cultura e a rejeitar as que não o fazem. Ela também nos ajuda a reinterpretar aqueles pressupostos adotados a fim de que se ajustem ao nosso padrão cultural geral. Por exemplo, os aldeões da América do Sul fervem a água não para matar os germes, mas (como eles dizem) para acabar com os espíritos maus. Portanto, a cosmovisão tende a manter velhos costumes de ser e oferece estabilidade nas culturas durante longos períodos de tempo. Assim, elas resistem à mudança.

Mas as cosmovisões em si mudam, já que nenhuma delas está completamente integrada e sempre há contradições internas. Além disto, quando adotamos novas idéias, estas podem desafiar nossos pressupostos fundamentais. Embora todos nós vivamos com incoerências culturais, quando as contradições internas se tornam muito grandes, procuramos maneiras de reduzir a tensão. Normalmente, mudamos ou abandonamos alguns de nossos pressupostos. O resultado é uma transformação gradual da cosmovisão, da qual talvez nem nós mesmos tenhamos consciência.

No entanto, algumas vezes, nossa cosmovisão não atende mais nossas necessidades básicas. Se uma visão mais adequada não for apresentada podemos rejeitar a velha e adotar a nova. Por exemplo, alguns muçulmanos e hindus podem decidir que o cristianismo responde melhor suas questões do que as suas antigas religiões. Tais mudanças de cosmovisão estão no âmago do que chamamos de conversão.

7. O Que é a Cosmovisão Cristã?

Realmente esta pergunta é o assunto desta matéria. A Teologia Sistemática é uma elaboração da cosmovisão cristã baseada na Bíblia. Nem todos os aspectos da cosmovisão cristã são desenvolvidos nesta disciplina, mas a essência é. Deve ficar claro agora que a doutrina é absolutamente essencial na vida do crente para que ele possa ter uma cosmovisão correta e viver a sua vida de maneira a agradar a Deus. Por que doutrina é importante?

7.1. Doutrina é importante para salvação: João 8:24 “Por isso vos disse que morrereis em vossos pecados; porque, se não crerdes que eu sou, morrereis em vossos pecados”.

Portanto, a próprio Jesus disse que salvação depende em ter a doutrina correta.

7.2. A condição da igreja evangélica hoje:

7.2.1. O pressuposto de que o crente leigo não está interessado em teologia é bem comum entre os pastores. Dizem que é preciso pregar sermões práticos e pertinentes (como se a teologia da Palavra de Deus não fosse prática ou pertinente) em vez de sermões de teoria.

Mas toda prática é a prática de alguma teoria, e se você estiver ignorante da teoria, com certeza a sua prática vai ser errada. No entendimento de Karl Barth, “Não existe ser humano que, de forma consciente, inconsciente ou subconsciente – não tenha o seu Deus ou os seus deuses, como sendo objeto de sua ambição ou de sua confiança mais sublime, como sendo base de seu comprometimento mais profundo. Em decorrência deste fato, qualquer ser humano é teólogo. Não há nem religião, nem filosofia, nem cosmovisão que, seja profunda ou superficial – não se relacione com alguma divindade, interpretada ou circunscrita desta ou daquela forma, e que, portanto, não tenha aspectos de teologia.”

7.2.2. A heresia da cabeça contra o coração. Na psicologia moderna há uma distinção entre a cabeça e o coração. Dizem que a fé verdadeira é uma coisa do coração e não apenas a cabeça. Os liberais e até muitos evangélicos acham que a fé é algo irracional, que é o contrário de conhecimento. A fé é vista como ser localizada nas emoções. Mas a Bíblia não tem nada disso. Na Bíblia não existe uma distinção entre a cabeça e o coração. Fé na Bíblia é altamente racional. A fé não é alicerçada nas emoções. Na Bíblia, no sentido metafórico, o coração é a sede da vida espiritual e intelectual do homem, a natureza íntima da pessoa.

Anselmo, Arcebispo de Cantuária (1033-1109) orou assim: “Senhor, agradeço-te por me teres criado segundo a tua imagem, para que te conheça e ame. Mas essa imagem se acha de tal modo corrompida por pecados, que não consegue cumprir a tarefa para a qual foi criada, a não ser que tu a renoves e recries através da fé em teu Filho crucificado, Jesus Cristo. Desejo apenas entender uma pequena parcela de tua verdade, que meu coração crê e ama. Pois não procuro compreender para poder crer, antes, creio para poder compreender.”

O coração é a sede das emoções, seja de alegria (Dt 28.47) ou de dor (Jr 4.19), da tranqüilidade (Pv 14.30) e da raiva (Dt 19.6), etc. É a sede do entendimento e do conhecimento, das forças e poderes racionais (I Rs 3.12; 4.29), bem como de fantasias e visões (Jr 14.14). Do outro lado, a estultície (Pv 10.20-21) e os maus pensamentos, também operam no coração. A vontade tem sua origem no coração, como também a intenção bem ponderada (I Rs 8.17) e a decisão que está pronta a ser colocada em vigor (Êx 36.2).

Significa a pessoa em sua totalidade (Sl 22.26,27; 73.26; 84.2,3). É sede da reverência e da adoração (I Sm 12.24; Jr 32.40). O coração dos fiéis se inclina em fidelidade à lei de Deus (Is 51.7) e o dos ímpios é endurecido e está longe de Deus (Is 29.13). É no coração que se realiza a conversão a Deus (Sl 51.10, 17; Jl 2.12). O coração representa o ego do homem (I Pe 3.4). O pecado marca, domina e estraga não somente os aspectos físicos do homem natural, não somente seu pensar, desejar, sentir mas também a fonte dos mesmos, a parte mais íntima da existência humana, seu coração. Se porém, o coração ficou escravizado pelo pecado, a totalidade está em escravidão. Os pensamentos maus vêm do coração (Mc 7.21, Mt 15.19), desejos vergonhosos habitam no coração (Rm 1.24), o coração é desobediente e impenitente (Rm 2.5, II Co 3.14-15), duro e infiel (Hb 3.12), embotado e escurecido (Rm 1.21, Ef 4.18). Os gentios não podem se desculpar diante de Deus, porque levam no coração o conhecimento daquilo que é justo e reto aos Seus olhos (Rm 2.15). Somente Deus pode revelar as coisas escondidas do coração do homem (I Co 4.5), examiná-las (Rm 8.27) e testá-las (I Te 2.4). É porque a corrupção brota do coração que Deus começa ali Sua obra de renovação (I Co 2.9, At 16.14, II Co 4.6). Quando o Espírito faz sua moradia no coração, o homem já não é escravo do pecado, mas sim, um filho e herdeiro de Deus (Gl 4.6-7).

Um comportamento modificado começa no coração: se queremos que pessoas venham a conhecer a graça, devemos levá-las a ir além de reduzir o comportamento delas à leis fixas.

Isto é uma tentativa de manipular seu comportamento sem mudar o coração. Esta tentativa de mudança moralista não dura, pois é baseada em abordagens emocionais ou superficiais.

Então, por exemplo, devemos levá-las a amar o próximo acima de si mesmas, para que elas busquem a graça. Apenas arrependimento e fé em Cristo podem mudar o comportamento, pois nisto o próprio coração é mudado.

7.2.3. Mas uma heresia ligada a isso é a noção de que os problemas da fé são emocionais e devem ser tratados com terapia em vez de instrução e orientação nas doutrinas da Bíblia.

Não estamos negando a importância da terapia cristã, mas estamos dizendo que a melhor terapia não basta sem o ensino da doutrina, ou seja, Teologia Sistemática.

7.2.4. O fato é, que todos os crentes já são teólogos. A única pergunta para ser respondida é; Será que eles são teólogos bons ou ruins? Agora parece que a maioria dos crentes são teólogos ruins e a culpa disso fica plenamente nos ombros dos pastores.

7.3. E o que será que Deus pensa desta situação?

7.3.1. A tarefa do pastor é ensinar. Isso quer dizer ensinar a Palavra de Deus verso por verso e também de uma forma sistemática. Segundo Russell Shedd, “a pregação expositiva é importante para mim, porque é nesse tipo de mensagem que Deus me tem falado mais poderosamente. Quando escuto uma mensagem que mostra falta de respeito pelo texto, creio que estou ouvindo dizer que a Bíblia não tem importância. Então, o que vai substituir a Bíblia serão, indubitavelmente, as idéias do pregador. ‘Prega a Palavra’ - foi esta a exortação de Paulo a Timóteo. Eu acho que devemos insistir nisso, se cumpre à igreja se manter nos trilhos da fé histórica e bíblica.” I Tm. 3:9: O diácono deve estar “guardando o mistério da fé...” Ele não pode ter um conhecimento superficial.

II Tm. 2:15: “Procura apresentar-te diante de Deus aprovado, como obreiro que não tem que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.”

Tito 1:9: “Retende firme a palavra fiel, que é conforme a doutrina, para que seja poderoso, tanto para exortar na sã doutrina como para convencer os contradizentes.”

Tito 2:1: “Tu, porém, fala o que convém à sã doutrina.” Não é possível ensinar doutrina a não ser que as doutrinas da Bíblia estejam sistematizadas.

Para obedecer ao que Paulo falou, é preciso estudar e ensinar nas igrejas a Teologia Sistemática. Em outras palavras, o pastor que não ensina Teologia Sistemática na sua igreja está desobedecendo ao Senhor. Ele está pecando, e ele vai ter quer falar um dia a Deus por que ele pecou assim.

7.3.2. A doutrina é necessária para crescer espiritualmente.

Rm:12:1-2: Para ser transformados pelo renovação da mente, a mente deve se conformar às doutrinas da Bíblia.

1 Tm. 4:16: O crente pode continuar na fé mediante atenção cuidadosa à doutrina.

7.3.3. Sem doutrina verdadeira, o crente pode ser destruído. I Tm. 6:3-5: Doutrina falsa promove divisão na igreja. Tito 1:11: Professores de doutrinas falsas podem arruinar vidas. * (Pr. Jakson de Souza Bragança - Filósofo - Psicólogo - Teólogo)





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